Certa tarde, passando pela casa de minha vizinha, a vi saindo na porta de sua sala gritando: Pelucinha, cadê você Pelucinha? Sua comida já está pronta, vem cá Pelucinha.
Achando graça no nome pronunciado com entusiasmo pela senhora robusta de óculos com lentes grossas e cabelos despentedos, desacelerei o passo e fiquei atento pra ver que diabos era o tal Pelucinha. É quando vejo saindo de trás de um vaso enorme com uma flor em estado terminal um gato dos mais vagabundos, vesgo, todo preto com uma mancha no peito que mais parecia uma gravata, o rabo quebrado, magrelo e com o pelo ralo.
O Gato cruzou vagarosamente o quintal, com cara de invocado e andar vagaroso, antes de chegar aos pés de sua dona deu uma patada em um pedaço de papel amassado, bateu com raiva, descontando na inocente bola de papel a sua maior sina: se chamar Pelucinha!
Assim que chegou nos pés de sua dona, essa o agarrou jogando-o contra seus fartos seios como se fosse o gato uma criança e entrou para sua casa beijando o pobre felino e falando com ele usando aqueles dialetos intraduzíveis e incompreensíveis que as pessoas usam pra falar com os bebes.
Não sei se ser um gato é bom ou ruim, mas ser um gato vagabundo chamado Pelucinha eu acredito que não deva ser muito fácil.
Continuei o meu trajeto pensando o porque que as pessoas gostam de colocar esse tipo de nome em seus animais, pra mim bicho doméstico tem que ter nome de gente, afinal eles acabam se tornando parte de nossa família, e ninguém chamaria um tio que dorme o dia todo no sofá e só acorda pra comer de Fofuchinho. Nome de gato pra mim é Cristóvão, Amadeu ou Leopoldo.
Nada de cachorro chamado Scooby, Snoopy, Rex, Totó ou outros desses nomes tão originais. Coitado dos gatos que tem que passar por constrangimentos na rua... isso mesmo constrangimentos!
Imagine o pobre gatinho na rua com seus amigos, contando vantagem, dizendo que pegou a gata persa do casal aposentado da casa de esquina e sai o dono do bichano o chamando: "vem Nininho, aqui Pitinininho!" e lá vai o gato, todo contrariado, envergonhado, com todos os outros gatos o chamando de boiola e pensando "Pitinininho? Que porcaria de nome... eu queria mesmo era chamar Rodolfo!"
O único nome, que não é um nome “humano”, mas que eu gosto, é o de um poodle branco-imundo que pertence a um mecânico aqui perto de casa... ele atende pelo singelo nome de Estopa... mas ai tudo bem, não teria um nome mais apropriado pro pobre cãozinho!!!
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segunda-feira, 30 de junho de 2008
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